quarta-feira, março 22, 2006

meu quebra-cabeça

Hei, Menininha ...Não pare...
Nem pense em transformar esse desânimo em desistência...
Sorria, mesmo que aparentemente não exista motivo...
Abra esses olhinhos negros de medo, e materialize essa angústia que há dentro de ti em lágrimas..
Você lembra do gostinho delas?.. é engraçado... No começo são muito amargas parecidas com aquele remédio amarelinho que você tomou na semana passada...mas depois vai diminuindo..diminuindo...até ficarem docinhas... tal qual teu sorriso...

Sabe menininha, disseram-me que angústia é o receio de sentir dor...
Você já sentiu dor?... Eu já...Mas dentre as tantas, duas me foram inesquecíveis...
A primeira foi no dia em conquistei essa marquinha aqui ó, pode pegar, já cicatrizou..
A outra demorou um pouco mais para isso... é que ela era mais profunda... feriu bem dentro de mim...
Você quer que eu conte?!...tá bom.. eu conto...

Um dia eu ganhei um quebra-cabeça...Daqueles bem grandes. era uma paisagem linda, para mim a mais bonita do mundo...
A melhor parte do meu dia era quando chegava à hora de juntar mais uma pecinha na outra...O tempo passava e figura ficava mais nítida...era mágico.

Até que chegou um dos momentos mais difíceis da minha vida... Tinha que desmontá-lo...Existiam coisas erradas nele...
Algumas peças brigavam por espaço, outras choravam pela existência do vazio entre elas...
Como poderia continuar com falhas?!...Seria pior...Como uma bola de neve daquelas que a gente viu naquele filminho que te dei...

O fato era que não tinha coragem de desmontá-lo... Passei muito tempo da minha vida á dedicar ao meu quebra-cabeça...E foi por isso que cometi mais um erro...Fui desmontando ao pouquinhos, sempre na esperança de encontrar algo que me mostrasse que não seria necessário... Foi pior...Percorri o caminho mais doloroso...Pois a esperança de um concerto impossível me estagnava.. Estava parando por medo...Assim como você menininha.. Por isso te digo...NÃO PARE!

Até que uma dia apareceu um menininho, assim.. Com um jeitinho parecido com o teu, e me estendeu a mão... No começo hesitei...Por medo da mudança...

Esse menininho lutou contra minha dor e até contra meu medo...
Ele conseguiu mudar o gostinho amargo das minhas lágrimas... Deixando-as com gostinho de pêssego...
Mostrou-me, até mesmo quando eu não queria ver, que o “pra sempre, sempre acaba”
Que devemos acreditar no: “que seja eterno enquanto dure”
E que não somente a terra gira...Eu também posso fazer isso.
Que a dúvida não nos leva a lugar algum.... Que a tentativa nos leva longe...
Um exemplo disso é que cá estou...
Olha o quanto caminhei...


Recebi uma mão, que me acompanhou até onde pôde...
Hoje a estendo á ti...
Vai...Segura... Não dói...
Viu?!...O que está sentindo?..
Não...não precisa responder...Apenas sinta...e sinta sem medo...

E chore...e viva... e sorria... e Ame...

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