segunda-feira, junho 05, 2006

roda-gigante.

a idéia de ir tão alto. de enxergar além do meu modesto horizonte.aterrorizava-me.
'protegida' por minha covardia.com o ingresso na mão.apenas observava quem entrava e quem saía.algumas vezes ocupei um lugar na fila.e discretamente fugia quando era a vez de meu pé subir o 1ª degrau.sempre inventando desculpa. um dor de barriga.um telefonema urgente. um compromisso inadiável.eu ficava.alguns subiam eufóricos.outros tentando domar o pânico.e ainda os que sabiam o que estavam fazendo.a saída não era diferente. nada uniforme. muitos desciam chorando. com o porque desconhecido por mim.talvez por se decepcionarem com o que viram lá de cima. ou quem sabe, encantados.uma guria de 4 anos implorando uma oportunidade ao pai. me envergonhou.era minha chance. olhei ao redor. ninguém conhecido. celular desligado. tênis antiderrapante.calça jeans. blusa de mangas compridas. cabelo amarrado. e um pirulito na boca. eu estava pronta!o sentar foi aliviante se comprado com a subida do 2ª degrau. agora era só esperar.. todos a postos. e eu. só. sem ter para quem acenar lá de cima. mas isso não era problema.acenaria debochadamente para o meu medo. que me espreitava lá de baixo. desejando e esperando meu grito.
Chico Buarque sabe das coisas...



Roda mundo, roda-gigante
Roda-moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração.

Um comentário:

Anônimo disse...

se todo esse medo foi por causa de uma roda-gigante, eu te mato, heloisa. agora, se foi por causa de uma montanha russa, eu também te entendo. (: